SEPALAS

Amigos,

com muito menos freqüência, poesias, contos, e pensamentos sobre a vida, estarei postando em www.sepalas.wordpress.com.

Abraços.
Ela voltou de um passado razoavelmente recente, e como tudo um outro ser, uma outra coisa alma alardeando de seu interior uma nova graça, uma nova cor. Eram as horas de uma madrugada renegada ganhando novamente a força juvenil dos tempos de glória. Antepassados ressurgindo como faíscas de fogueiras mal montadas, daquelas em picos gelados usadas outrora como aviso dos budistas de algum um mal sinal.

Parem as prensas da emoção e da vida!!! O editor chefe das cousas obscuras que desenham os destinos humanos retratou o acontecido em cada página de jornal, todas sem uma única exceção tornaram-se quase que imediatamente a primeira página. O alarde entoou por todos os cantos, homens mulheres e crianças lançaram-se em busca de abrigo dentro das casas feitas de materiais baratos, hora por descuido hora á necessidade, que então os colocaram em situação de risco. Extra! Extra! A noticia não era mais que um rabisco em letras grandes e atordoadas do grande acontecimento, e, como as tochas dos antigos budistas das montanhas os sinais eram demasiadamente insuficientes para o cuidado necessário. De nada servem os preparos se não sabe-se para o que se deve preparar. Alguns raios de sol naquela manha renascente serviram para trazer o caos de uma vida inteira, lançando a sorte todo coração fraco de coragem e forte de medo. Quando tudo começar a cair, quando tudo somar não mais que os zeros poucos restantes de cada migalha de segundos, perdoa ó vida futura! Todo mal, toda flor mal nascida, todo conto mal contado, todo amor mal amado, toda cor mal pintada

Ontem, há ontem eram as horas necessárias para mudar todo o destino de um homem vagabundo de bom coração. Ontem era ontem justamente por ser antes de todo arcabouço que prospera e reivindica o seu trono ante o caos que traz. Tempestades tão furiosas quanto o destino natural do homem, a morte. Estaríamos loucos? A coisa perdida aparece em tom de choro, um choro amargo e doente que não se esvai, insiste em voltar para dentro a mágoa aléia que divinamente deveria escorrer as curvas sensuais do corpo até o chão, á um pedaço seco de terra. Eles gritam! E gritam alucinadamente na esperança de encontrar, o som, a algum forasteiro, destes de desertos mortais que sobrevivem sem grande problemas as faltas mais preciosas da verde e úmida flora. Ou então a Deus, deste seu trono tão distante. Ahhhhhh Deus, salva-me, salva-nos deste destino que nos reservou a sorte! Livra-me do encontro atemerecedor que me impõe o os dias. Volta o ontem para que eu possa repintar minhas faltas, para que eu possa amar a mal amada flor que tem meu coração a tantos anos. Deixa eu viver esse conto sem ter de o palhaço esconder em casa seu sorriso, sem ter a musica de tocar a despedida final.

Oh Deus, Oh Deus. Deus meu, o “agora” é tarde até mesmo para ti?

Aumentava, já, as seis da manha o ritimo matutino das prensas, quando até mesmo o editor chefe já outrora havia partido para algum lugar mais seguro. Nem mesmo os meninos que por alguns centavos de dólares distribuiriam os jornais pelas ruas asfaltadas estavam presentes. Eram horas de dignificação. O sentir-se sozinho espelhou-se em todo aquele vazio inimaginável. Pela primeira vez, tudo era possível, tudo era sem dono. Nada, porém, significava mais que pequenas porções de farinhas de trigo recém industrializadas. O passado, resignificado, incorporara a realidade tão brevemente quanto as prensas poderiam reproduzir, mesmo em tempos modernos. Restava somente a mim, não deixaram-me a vida, Deus, ou meu próprio eu noviço, um único escudo, uma única espada. Éramos somente eu e ela, de um passado tão distante que toda probabilidade atestera seu óbito de imediato.

Finalmente a lagrima egoísta escorria pelo corpo atemorecido, a musica outrora imparcial passou a olhar-me com tristeza profunda, astros, plantas, águas, mares, céus, e estrelas alinhando-se delicadamente anunciaram a chegada. Comunicaram a todo ser ainda vivente á sua presença. Diante das prensas, dispensando sem receio toda lagrima que me restara do longo cultivo de dor, medo e amor. Pus-me a gritar com tal força que rasgando as cordas vocais os inocentes camundongos da velha prensa de jornais abandonaram o local, e por tanto, nem mesmo os ratos presenciaram o acontecido. Deus meu. Deus meu.
3:30


a certeza.

em algum momento se deve optar
se deve escolher

e, entre duas lutas,

optar por algo maior

com o peito rasgado lanço-me,

perco-te mais uma vez.

reminisciência.

desvanecia

Neste breve espaço comum,
ciganeavam detalhes de cor,


como o postal de oliveiras montanhosas,
- destes que largam em bancas velhas de jornal no centro das cidades nordestinas.


secou cada gota,
cada céu,
cada mar.

assim iam-se os dias
como as horas de um carteiro cabisbaixo,
incurioso, de riso circunspecto!

um despiciendo sentir-se,
oco,
cinza,

atentou-se
quase que clinicamente, ao olhar,

em guarda de sinais de flores.